Olá, meus amigos! Bem vindos ao Living in a Small World!

Este blog está passando por uma transformação! Após servir como canal de comunicação entre eu e quem se interessou em saber o que se passava comigo no Canadá e nos EUA no início deste ano, uma nova aventura está por vir! Através desse blog, vou narrar as minhas aventuras pelo Velho Mundo que se iniciarão em setembro! Além disso, vou postar periodicamente fatos e notícias que aconteceram ao redor do mundo, bem como curiosidades e bizarrises a respeito dos mais diversos povos e países. Afinal, vivemos em um mundo pequeno!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Inverno europeu - parte 1

O inverno oficialmente nem começou ainda (só amanhã), mas já está causando transtornos aqui na Europa. Essa é a segunda grande onda de frio que assola o continente (a primeira foi no início do mês e causou atrasos e cancelamentos nos aeroportos, caos nas rodovias e nas ferrovias, problemas no abastecimento de gás e mesmo a morte de dezenas de pessoas, especialmente no Leste Europeu) e pelo visto vai gerar altos transtornos e problemas nessa véspera de Natal. O que me deixa menos preocupado é que passarei esse fim de ano por Portugal e Espanha, onde esse frio todo não causará muito impacto, mas não tem como não ficar um pouco preocupado com os amigos que estão viajando pelo continente e que certamente encararão esse caos todo.

Neve paralisa sistemas de transporte no norte da Europa

Alemanha, Reino Unido, França e Holanda são os países mais afetados pela onda de frio

20 de dezembro de 2010 | 9h 44
Agência Estado

Passageiros se acomodam no chão do aeroporto de Heathrow, em Londres.
LONDRES - A neve e as baixas temperaturas prejudicam os sistemas de transporte rodoviário, ferroviário e aéreo no norte da Europa pelo terceiro dia consecutivo nesta segunda-feira, 20.
Milhares de passageiros não conseguem viajar, lojas estão vendendo menos e os aeroportos e companhias aéreas ficam com a maior parte dos prejuízos. Reino Unido, França, Alemanha e Holanda são os países mais afetados pela onda de frio intenso e pela neve, que deve continuar até o Natal, segundo os meteorologistas.
Entre as capitais, Paris era uma das cidades mais afetadas. A operadora Aéroports de Paris informou que nenhum voo pousaria na capital da França na manhã desta segunda-feira. A Air France prevê grandes atrasos durante o dia em seus voos de Paris e possibilidade de mais cancelamentos. O operador de transporte público de Paris, RATP, informou que entre 40 e 50 linhas de transporte coletivo estão suspensas.
A Eurocontrol, organização para o controle do tráfego aéreo em 38 países europeus, informou que os aeroportos de Orly, Roissy-Charles de Gaulle e Le Bourget, em Paris, não tinham voos nesta manhã. Na Alemanha, os aeroportos de Frankfurt e Berlim Tegel sofriam com grandes atrasos.
A operadora do aeroporto de Frankfurt, Fraport, informou que cerca de 300 voos deveriam ser cancelados, dos 1.300 marcados para esta segunda-feira. Cerca de 900 dos 2.700 voos marcados foram cancelados no sábado e no domingo.
A Fraport montou cerca de mil camas de campanha em uma área do aeroporto para os passageiros passarem a noite. Comissários distribuíram lanches e bebidas e palhaços e outros artistas e animadores tentavam entreter as crianças.
O Aeroporto de Heathrow, em Londres, o mais movimentado do mundo, estava aberto nesta segunda-feira, mas operando com limitações, conforme as companhias tentavam mover aeronaves e equipes para suas posições normais, informou a operadora do aeroporto BAA Airports. O aeroporto passou boa parte do fim de semana fechado, por causa da neve. Milhares de voos foram cancelados e muitos passageiros se amontoaram com seus cobertores pelos terminais.
A British Airways PLC (BAY.LN) cancelou centenas de voos no fim de semana. A companhia recomendou aos passageiros que não têm urgência de viajar que cancelem suas passagens, pedindo seu dinheiro de volta ou remarcando os voos. Todas as companhias estavam aconselhando os passageiros a checar se seus voos ainda estavam marcados antes de ir até o aeroporto.
Estradas e ferrovias
Os serviços ferroviários e as estradas também sofriam interrupções. O Escritório Meteorológico no Reino Unido emitiu advertências de tempo ruim para boa parte do país, elevando-se os riscos de acidentes em estradas afetadas pela neve.
A Eurostar, que opera os trens de passageiros entre Londres e as cidades europeias, incluindo o Túnel do Canal, que vai até Paris, informou que havia atrasos e restrições de velocidade e vários trens e equipes estavam fora de posição. A agência informou que operará em esquema especial, com alguns cancelamentos por vários dias. A Eurostar informou que não venderá mais passagens de trem até o Natal.
Na Holanda, o aeroporto de Schiphol, em Amsterdã, está em operação nesta segunda-feira, após cancelar cerca de 100 voos no sábado e 70 no domingo por causa do tempo ruim. Um porta-voz, porém, previu o cancelamento de alguns voos hoje por causa de problemas em outros países, enquanto as condições meteorológicas em Amsterdã geravam atrasos em outros voos. As informações são da Dow Jones.

Funcionário do Aeroporto de Orly, em Paris, trabalha para evitar danos nos aviões.

Farra no Congresso Brasileiro

Recomendo a leitura desse artigo que saiu no jornal "O Estado de São Paulo" hoje; vale a pena pela reflexão a respeito da farra que anda a solta naquele que deveria ser o órgão político brasileiro responsável pela ética e pelo respeito aos brasileiros...

Duas palavras apenas para definir o recém-aprovado aumento nos salários do legislativo (e, de "brinde", do executivo): vergonha e nojo!


Quanto vale um deputado federal?


20 de dezembro de 2010 | 0h 00

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO - O Estado de S.Paulo
A dúvida pode assaltar algum eleitor após os congressistas em fim de mandato legislarem em causa própria, mais uma vez. Em poucas horas da quarta-feira, o que na velocidade legislativa equivale a nanossegundos, aprovaram na Câmara e no Senado aumento de 62% para si mesmos.
Todo valor é relativo. Em dinheiro no fim do mês, ninguém no Brasil vale mais do que um deputado federal. Com o novo salário de R$ 26.723,13, formam a família ocupacional mais bem paga do País, junto com ministros do Supremo, de Estado e o presidente da República.
Nada a ver com famiglia. Família ocupacional é jargão técnico: um dos níveis de agregação da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). Oficialmente, os mais altos cargos da República não têm um código único na CBO. Mas os parlamentares provaram que estão aí para mudar as regras.
O propósito declarado da ação relâmpago dos congressistas foi equiparar os salários das cúpulas dos três Poderes. Logo, seria natural agregá-los em uma família ocupacional única. Poderia ser chamada de família nababa. É apenas uma sugestão.
A vantagem seria facilitar as comparações. Tomemos as famílias existentes na CBO. Segundo os dados oficiais mais recentes, da Rais de 2009, a mais bem remunerada de todas é a família dos 7.394 membros do Ministério Público: salário médio de R$ 24.371.
Não se pode deixar de corrigir esse valor pela inflação do período, seria uma injustiça com os parlamentares, que só passarão a receber seus R$ 26,7 mil em fevereiro de 2011.
Mesmo conferindo um aumento de 6,2% (IPC da Fipe em 2010) a todas as família ocupacionais, os nababos permanecem no topo da cadeia salarial, quase R$ 1 mil à frente dos procuradores. Essa supremacia salarial tem seu lado positivo.
Nababos poderiam virar unidade de referência da economia do trabalho. Por que pensar pequeno? Em vez de medir remunerações em salários mínimos, usemos os salários máximos. Quanto você ganha? Um professor responderia: centésimos de nababo.
Responsável por um dos raros 35 votos contra o autoaumento, a deputada Luiza Erundina (PSB-SP) sugeriu aos colegas que deixassem de usar o broche de parlamentar, temendo que eles pudessem sofrer agressões na rua por causa de comparações como essa. Exagero.
Nababos não gostam de pensar em fracionar seus salários. Melhor inverter a conta. Pós-aumento, um deputado vale um magistrado. Mas isso não quer dizer muita coisa, já que era esse o objetivo dos parlamentares. Comparemos com cargos fora do poder público.
Sempre usando como referência a Rais de 2009 devidamente corrigida pela inflação, a remuneração mensal de um deputado federal equivale, por exemplo, ao salário médio de dois diretores de empresa.
"Não o dos diretores das minhas empresas", poderia reclamar um parlamentar mais exaltado. Mas convém lembrar que nem toda família ocupacional é tão unida e igualitária quanto a dos nababos, em que todos ganharão o mesmo valor a partir de fevereiro. Toda média esconde distorções.
Os responsáveis pelas estatísticas da Rais dividem a massa salarial da família ocupacional pelo número de seus integrantes. No caso, R$ 117 milhões por 8.183 diretores de marketing e comercialização. Uns ganham mais do que outros, mas, na média, eles recebiam R$ 14,4 mil em dezembro de 2009.
Por essa conta, 1 deputado vale 3 engenheiros, 5 advogados, 6 médicos, 7 gerentes, 8 bancários, 9 dentistas, 10 professores de escola técnica, 11 operários de montadoras de carros, 14 mecânicos, 15 professores do ensino médio, 17 professores do ensino fundamental e 20 auxiliares de enfermagem.
Com a diferença suplementar de que esses profissionais costumam ganhar no máximo 13 salários por ano. Um parlamentar recebe 15.
Quando estendemos a comparação a outras ocupações que não exigem diploma, a distância entre os nababos e os trabalhadores brasileiros aumenta exponencialmente.
Com o salário de um deputado dá para pagar 29 porteiros, 32 padeiros, 33 carregadores, 34 recepcionistas, 36 cozinheiros, 37 lixeiros, 38 garçons, 40 faxineiros, 44 empregados domésticos ou 47 profissionais do sexo.
Pensando bem, melhor esquecer esta última comparação. Um dos lados pode se ofender.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Roteiro - Mochilão de Inverno

Bom, ontem e hoje desatei a aproveitar a incrível promoção que a Easyjet lançou (e que vai se encerrar daqui algumas horas) com 30% de descontos em todos os trechos que ela opera (em homenagem ao aniversário da cia aérea). Tinha descontos incríveis e ficava bem mais em conta que voar de Ryanair, sem contar na grande vantagem da Easyjet que ela normalmente opera nos principais aeroportos das cidades europeias e no fato de que posso emitir vários trechos de uma só vez e pagar apenas uma taxa de emissão do cartão de crédito.

Ainda nem acredito que irei a certas cidades! Algumas que eu queria ir ficaram de fora, mas realmente não dá pra fazer tudo que queremos fazer e a ordem é priorizar e fazer o que está a nosso alcançe. O mochilão terá duas etapas, tendo em vista que regressarei para Portugal e passarei uns dias aqui para resolver algumas coisas e dar uma descansada. Vamos ao roteiro:

1ª etapa: Porto - Genebra (Suíça) - Budapeste (Hungria) - Berlim (Alemanha) - Atenas (Grécia) - Milão, Veneza e possivelmente Pisa e Florença (Itália)- Porto/Braga; partida no dia 21 de janeiro e chegada no dia 05 de fevereiro.

2ª etapa: Porto - Lyon e Grenoble (França) - Liverpool (Inglaterra) - Edimburgo (Escócia) - Amsterdã e Haia (Holanda) - Bruxelas (Bélgica) - Berlim (Alemanha) - Gotemburgo (Suécia) - Copenhagen  (Dinamarca) - Paris e, se der, Estrasburgo (França) - Porto/Braga; partida no dia 09 de fevereiro e regresso no dia 07 de março.

No total, serão 40 dias de viagem, passando por 12 países (13 se eu considerar que passarei uns dias aqui em Portugal) e por pelo menos 18 cidades (se pá serão mais de 20). Alguns destinos que eu pensava em ir (como Irlanda e Áustria) tiveram que ficar de fora, porém não dá pra fazer tudo que queremos e temos que, por um lado, elencar as prioridades e, por outro, cruzá-las com o que está ao nosso alcançe. Alguns desses trechos eu farei de trêm ou de ônibus (como, por exemplo, de Amsterdã pra Bruxelas ou de Gotemburgo pra Copenhagen), mas de mareira geral vou de Easyjet (13 trechos de passagem aérea, gastando em média 20 euros pra cada uma).

Seja o que tiver que ser agora! Porém, como disse no post anterior, quero é aproveitar muito estes próximos 4 meses que eles passarão voando! Estou bem melhor agora e muito mais disposto a enfrentar o que vem pela frente!

Pedido de desculpas

Caros leitores!

Reconheço que o blog anda bem parado ultimamente. Tinha por volta de duas semanas que não postava absolutamente nada aqui, sendo que muita coisa aconteceu nesse período. Estas últimas semanas representou um momento mais introspectivo e de reflexão para mim aqui na Europa e confesso que não andei inspirado para escrever, embora tivesse vontade de narrar o que se passava.

Primeiramente, tive minha primeira prova aqui na UMinho, cujo resultado só devo saber lá pra perto do Natal. Além disso, andei viajando para o Marrocos, assunto que merece um post a parte para contar como que foi, e estive a planejar as próximas viagens - não apenas de fim de ano, mas também do meu mochilão de inverno (cujo roteiro, creio, ficou fantástico e que contarei em seguida qual será) - e andei a estudar (um pouco) para o NMUN Europe - Simulação das Nações Unidas, organizada pela National Collegiate Conference Association (NCCA) - que acontecerá este mês na Rep Tcheca, mais precisamente em Olomouc, dos dias 22 a 26 de novembro. Informações para quem ficou curioso estão neste link. 

Também, se não bastasse o cansaço da viagem pelo Marrocos, estes últimos dias foram particularmente difíceis para mim, pois passei, pela primeira (e espero única) vez, pela angústia de estar fora do meu país. Sim, como todo intercambista acaba encarando, eu confesso que tive vontade de estar em POA nestes últimos dias. Um evento muito importante para mim e do qual tive a honra de participar da organização aconteceu entre os dias 5 e 9 passados - o UFRGSMUN, a Simulação da ONU organizada pela minha Universidade, a UFRGS. Foi um ano de trabalho posto a prova em cinco dias e que foi um absoluto sucesso. Infelizmente, eu não pude estar presente para prestigiar e acompanhar o que se passava por lá, nem pra me divertir muito com os meus amigos, nem para ajudar nos trabalhos que o meu comitê, bem como o Modelo como um todo, demandava, e isso foi bem difícil para mim. Mesmo de longe, torci muito para que tudo corresse bem e para tudo dar certo, e assim foi. Deixo aqui os parabéns a todos os membros do staff pela dedicação e pelo empenho, essa foi uma vitória de todos nós. 

Ah, claro! Outro motivo pra eu estar meio emburrado: Paul McCartney faz o favor de ir fazer um (mega) show em POA justamente no período em que estou na Europa! Isso é pra deixar qualquer um P*** da cara!


Agora já estou melhor e pronto para o que vem pela frente. Ainda me restam quatro meses de Europa pela frente e decididamente quero aproveitá-los ao máximo!

domingo, 24 de outubro de 2010

G-20 dá poder a emergentes no FMI


Acordo fechado na Coreia prevê que Brasil será o 10º país com maior poder de voto e acena com medidas para evitar guerra cambial

24 de outubro de 2010 | 0h 00
CLÁUDIA TREVISAN - O Estado de S.Paulo
Ministros do G-20 aprovaram ontem na Coreia do Sul medidas para tentar evitar uma guerra cambial de dimensões globais e chegaram a um consenso sobre a reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI) que amplia a influência dos países emergentes dentro da instituição.
Com a mudança, o Brasil passará da 14.ª para a 10.ª posição na lista dos países com poder de voto, passando à frente de Canadá, Holanda, Bélgica e Arábia Saudita. Dos dez primeiros lugares, seis ficarão com países desenvolvidos e os outros quatro com o BRIC, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia e China.
A reforma do FMI é uma antiga reivindicação do Brasil, que viu outras de suas preocupações refletidas no comunicado final aprovado ontem depois de 11 horas de negociação, em reunião que se estendeu da noite de sexta-feira até as 5h da manhã de sábado.
A principal delas diz respeito ao câmbio, questão que elevou a tensão econômica global nas últimas semanas e esteve no centro das discussões realizadas em Gyeongju.
Os 20 países desenvolvidos e emergentes concordaram em caminhar na direção de taxas de câmbio que sejam determinadas por forças de mercado e que reflitam os fundamentos de suas economias, decisão que tem por alvo principal a China, que intervém pesadamente no mercado para evitar a apreciação do yuan.
Os integrantes do G-20 se comprometeram ainda a não adotar desvalorizações competitivas de suas moedas, compromisso que já aparecia no acordo fechado por líderes do grupo em abril do ano passado.
A questão da perda de valor do dólar foi tratada implicitamente na promessa dos países desenvolvidos de serem "vigilantes contra a volatilidade excessiva e o movimento desordenado" de suas taxas de câmbio. "Essas ações vão ajudar a mitigar o risco de volatilidade excessiva no fluxo de capitais enfrentado por alguns países emergentes", diz o comunicado.
Efeitos. O Brasil está entre as nações que mais sofrem os efeitos desse movimento, que tem como consequência a elevação no valor do real e a perda de competitividade das exportações. Para tentar conter a pressão do fluxo de capital sobre a moeda, o governo já elevou em duas ocasiões em menos de um mês o porcentual do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidente nos investimentos de estrangeiros em renda fixa.
A origem dos recursos que inundam países emergentes é a política monetária expansiva de alguns países ricos, especialmente os EUA, que continuam a enfrentar baixas taxas de crescimento e desemprego em alta.
"Eu tenteie deixar claro em minha contribuição à discussão que eu considero que esse é o caminho errado a seguir", afirmou depois do encontro o ministro da Economia da Alemanha, Rainer Bruederle. "O aumento excessivo e permanente na oferta monetária é, a meu ver, uma forma indireta de manipulação da taxa de câmbio", ressaltou, em uma crítica implícita aos norte-americanos.
A desvalorização do dólar tem como contrapartida a apreciação de outras moedas, entre as quais o euro, o iene e o real, com impacto negativo sobre as exportações e a produção interna. A situação é agrava pelo fato de a China, maior exportador do mundo, manter sua moeda atrelada à norte-americana.
Intervenções. Os EUA não assumiram o compromisso de não permitir a perda adicional do valor do dólar, como queria o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Mas o secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, reiterou que seu país não vai perseguir uma política de desvalorização do dólar para aumentar a competitividade de suas exportações.
"Eu acredito que o dólar, o iene e o euro terão mais estabilidade", afirmou à agência de notícias Reuters o ministro das Finanças do Japão, Yoshihiko Noda, comentando o teor do acordo lançado ontem. Mas ele ressaltou que Tóquio continuará a intervir no mercado de câmbio para evitar "movimentos excessivos" do iene.
Anfitrião do encontro, o ministro das Finanças da Coreia do Sul, Yoon Jeung-hyun, avaliou o resultado de maneira otimista: "O acordo terá papel crítico na remoção de incertezas nos mercados globais, entre as quais a questão da taxa de câmbio", disse à Reuters.
A reunião concluída ontem é preparatória do encontro de líderes dos países do G-20 marcada para os dias 11 e 12 de novembro em Seul, capital da Coreia.
A proposta de Geithner de fixar um teto de 4% do PIB para superávits ou déficits em suas contas externas foi rejeitada durante o encontro, mas os países se comprometeram a adotar políticas que reduzam desequilíbrios excessivos nas transações correntes e os mantenham em patamares "sustentáveis".
O comunicado prevê que superávits ou déficits elevados e persistentes em conta corrente poderão ser objeto de análise pelo "processo de avaliação mútua", mecanismo que tem o objetivo de verificar se as políticas individuais dos países do G-20 são compatíveis com trajetórias "equilibradas e sustentáveis" para a economia global. 

ONU pede explicações aos EUA após WikiLeaks

23/10/2010 • 19:20Fonte: folhaonline

Após a ONU e a Anistia Internacional pedirem aos EUA explicações sobre os casos de tortura e mortes de civis durante a Guerra do Iraque denunciadas pelo WikiLeaks, o premiê iraquiano Nouri al Maliki classificou a divulgação dos dados secretos de "sabotagem" e disse que as acusações de que seu governo teria sido complacente com os abusos são parte de uma campanha política contra ele. 

Em meio ao vácuo político após a retirada das tropas de combate americanas e a ausência de um governo há meses, al Maliki acusou seus opositores de querer utilizar os documentos miliares americanos divulgados na sexta-feira pelo site WikiLeaks para acusá-lo de cometer os abusos. 

"Há objetivos políticos por trás dessa campanha midiática, e alguns buscam utilizar esses documentos contra os líderes nacionais, particularmente o primeiro-ministro", afirmou o gabinete do chefe de governo em um comunicado. 

As informações publicadas pelo WikiLeaks referem-se a casos de violência, torturas, estupros e inclusive assassinatos cometidos por policiais e militares iraquianos contra prisioneiros e sobre os quais o Exército americano optou por negligenciar. 

Segundo a constituição iraquiana, o primeiro-ministro também é comandante-em-chefe das Forças Armadas. 

Além disso, de acordo com os documentos citados pela Al Jazeera, al Maliki teve vínculos com "esquadrões da morte". 

Os opositores do primeiro-ministro o acusam de ter criado no seio das forças de segurança, após sua nomeação em 2006 em pleno conflito sectário, unidades responsáveis por fazer o trabalho sujo, principalmente assassinatos. 

"Em relação aos assassinatos, às prisões e torturas, confirmamos que o primeiro-ministro, que é comandante das Forças Armadas, tem a autoridade sobre todas a forças e que estas cumprem seu dever de deter e castigar conforme as ordens emitidas pela Justiça, e não segundo critérios religiosos ou partidários, como alguns gostam de dizer", respondeu o escritório do chefe de governo. 


ONU 
Mais cedo o relator especial da ONU sobre a tortura, Manfred Nowak, e a Anistia Internacional, instaram neste sábado os Estados Unidos a investigar os casos de tortura revelados nos documentos militares americanos publicados na sexta-feira pelo site WikiLeaks. 

"A administração (do presidente americano Barack) Obama tem a obrigação, quando surgem acusações sérias de tortura contra qualquer funcionário americano, de investigar e tomar as consequências. Essas pessoas deveriam ser processadas", afirmou o relator à rádio BBC. 

"Eu teria esperado que (este tipo de investigação) fosse iniciada há tempos, porque o presidente Obama chegou ao poder prometendo a mudança (...) O presidente Obama tem a obrigação de cuidar dos casos passados. É uma obrigação investigar", continuou o relator. 

Nowak reconheceu, entretanto, que poderia ser apenas uma investigação americana, já que os Estados Unidos não reconhecem o Tribunal Penal Internacional (TPI). 

A Anistia Internacional também pediu a Washington que investigue o quanto as autoridades sabiam sobre os maus tratos a presos no Iraque. 

A organização de defesa dos direitos humanos com sede em Londres lembrou em um comunicado que, como todos os governos, os Estados Unidos "têm uma obrigação sob o direito internacional de garantir que suas próprias forças não utilizem a tortura e que as pessoas que estão detidas pelas forças americanas não sejam entregues a outras autoridades que possam torturá-las". 

"Os Estados Unidos descumpriram esta obrigação no Iraque, apesar do grande volume de provas disponíveis de muitos locais, que mostram que as forças de segurança iraquianas utilizam a tortura extensivamente e foi permitido que o fizessem impunemente", disse Malcolm Smart, diretor da Anistia para o Oriente Médio. 



DEFESA 
Já o fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, defendeu neste sábado a divulgação de cerca de 400 mil documentos secretos sobre a guerra no Iraque. 

Em entrevista coletiva, Assange afirmou que foram tomados todos os cuidados para que não haja risco para nenhum soldado envolvido nas operações no Iraque, relatou o correspondente da Folha em Londres, Vaguinaldo Marinheiro. 
O governo americano voltou a criticar o site. Disse que os documentos não trazem novidades e que apenas podem gerar um sentimento de vingança, colocando em risco as tropas ocidentais que continuam no país. 

"Os ataques à verdade começam antes do início de uma guerra e continuam mesmo depois que ela acaba", afirmou Assange. 

Segundo ele, a divulgação dos documentos minimizam esses ataques à verdade. 

Nos papéis colocados à disposição no site há vários relatos de mortes e torturas cometidas pela polícia e pela Guarda Nacional Iraquianas contra seus próprios cidadãos. 

Apesar de presenciar as atrocidades, soldados americanos apenas relatavam que não havia nada mais a investigar. Em alguns casos, eram comunicadas as autoridades iraquianas, muitas vezes as mesmas responsáveis pelas torturas. 

"Isso transforma as tropas em cúmplices", afirmou Phil Shiner, da ONG Public Interest Lawyers, também presente à coletiva. 

Os documentos revelam também 15 mil mortes de civis a mais que os computados até agora por Organizações Não Governamentais que acompanham a guerra. 

Acredita-se que 66 mil civis foram mortos desde a invasão do país, em 2003. 

O governo dos EUA diz que não há números sobre mortes de civis. "Os documentos trazem não apenas números, mas detalhes dos mortos. Isso é muito importante", disse John Sloboda, da organização Iraq Body Count. 

A divulgação dos documentos é considerada o maior vazamento desse tipo de documento da história. 

Em julho, o WikiLeaks já havia divulgado 91 mil documentos secretos sobre a guerra do Afeganistão. 

Acredita-se que os dois vazamentos tenham a mesma fonte: um analista dissidente da inteligência do Exército americano, cuja identidade continua mantida sob sigilo. 

ABUSOS E NEGLIGÊNCIA 

Segundo os documentos, desde a invasão americana no Iraque, em 2003, morreram mais de 100 mil iraquianos, dos quais cerca de 70 mil civis. 

Os relatórios indicam que as forças americanas deixaram sem investigação centenas de denúncias de abusos, torturas e assassinatos por parte das milícias iraquianas, que em alguns casos são acusadas de chicotearem e queimarem pessoas. Em um caso particular, os americanos acusam soldados do Iraque de cortarem os dedos e queimarem com ácido um dos presos. 

Em uma das partes é descrita a execução de dois presos que estavam com as mãos atadas; já uma outra relata a morte de um preso que apesar de apresentar uma incisão cirúrgica no abdômen teve a causa do óbito descrita como "falha renal". 

O site da TV Al Jazeera relata que soldados americanos denunciaram a seus superiores as alegações de tortura em ao menos 1.300 ocasiões: "o detento estava vendado"; "apanhou nos braços e pernas com um objeto duro"; "socado no rosto e na cabeça"; "eletricidade foi usada em seus pés e genitais"; "foi sodomizado com uma garrafa d'água". 

Em alguns dos casos, os militares americanos abriram uma investigação, mas em sua maioria as denúncias foram apenas reportadas aos superiores, que deixaram a averiguação a cargo das forças iraquianas. A frase "nenhum soldado da coalizão esteve implicado no incidente" é frequente nos relatórios, assim como o comentário "não é necessária uma investigação". 

O vazamento dos documentos foi imediatamente reprovado pelo governo dos Estados Unidos. O porta-voz do Pentágono, Geoff Morrell, assegurou que nos documentos "não há nada que possa indicar a existência de crimes de guerra", mas considerou que "o país está mais vulnerável agora". 

O jornal "The New York Times", uma das publicações que tiveram acesso prévio aos documentos, divulgou declarações de um porta-voz do Pentágono, que indica que a política americana "está, e sempre esteve, em linha com as práticas e o Direito internacionais". 

"Se foram perpetrados (abusos) por iraquianos, corresponde às forças iraquianas investigá-los", disse o porta-voz. 

NÚMEROS 
Até agora, nem o governo dos EUA nem as forças aliadas divulgaram um número oficial das vítimas iraquianas em decorrência do conflito, apesar de os relatórios que vazaram darem conta de 109.032 mortos entre 2004 e 2009, dos quais 66.081 civis. 

Segundo a organização Iraqi Body Count, o número inclui 15 mil mortos em casos desconhecidos até agora. 

A maior parte das mortes, cerca de 30 mil, foram causadas por minas colocadas pelos insurgentes ao longo do território iraquiano. Apesar disso, há passagens onde são relatados casos em que as tropas americanas, por erro, acidente ou precipitação, mataram civis inocentes. Em uma delas, civis foram alvejados por soldados americanos desde um helicóptero, apesar de as vítimas darem sinais de rendição. 

Pelos documentos, os EUA demonstravam preocupação com o papel do Irã na guerra. Os relatórios indicam que os iranianos treinaram iraquianos no manejo de explosivos e forneceram armas para o país vizinho. 

PAPEL DO IRàOs documentos vazados pelo sie WikiLeaks revelam ainda o apoio dado às milícias iraquianas xiitas pela Guarda Revolucionária do Irã, a elite do Exército iraniano, informam o jornal "The New York Times" e a TV Al Jazeera. 

O papel do Irã na Guerra do Iraque é tema de vários documentos, muitos dos quais sugerem que Teerã estava fortemente envolvido em equipar e apoiar grupos xiitas radicais no Iraque. Os dois veículos reiteram, no entanto, que os documentos apenas registram um lado da história --o dos EUA-- e de forma limitada, e que muitos foram baseados em entrevistas com informantes --de credibilidade duvidosa. 

Os arquivos apontam amplas ligações entre o Irã e os grupos militantes, que tinham como alvo políticos sunitas, ou responsáveis por ataques com o objetivo de minar a confiança no governo iraquiano. 

Durante o governo de George W. Bush, críticos alegaram que a Casa Branca exagerou no papel do Irã no conflito iraquiano, com o objetivo de ganhar apoio a política linha-dura em relação a Teerã, incluindo uma possível ação militar. 

Testemunhos de detidos, o diário de um militante capturado e várias armas apreendidas revelam o papel do Irã em fornecer às milícias iraquianas foguetes, bombas magnéticas que podem ser grudadas embaixo de carros, bombas de beira de estrada, rifles calibre 50 e mísseis portáteis, entre outras armas.



Disponível em: http://www.portalaz.com.br/noticia/geral/193694_onu_pede_explicacoes_aos_eua_apos_wikileaks.html